Que Carnaval é esse?

O Carnaval está longe de ser uma festa moderna; no passado era tido como o “‘adeus à carne’ ou ‘carne nada vale’ dando origem ao termo” (apud Wikipédia), atualmente consideraria um “bem-vinda carne” ou “a carne tudo vale”.

Não é a toa que o Axé Music é tão desvalorizado; sua musicalidade, na verdade, não é ruim, os artistas líderes possuem uma boa produção musical — vide Ivete Sangalo e Babado Novo que estouram em todo o país e são tidos como maiores ícones do Pop brasileiro no momento, mesmo não realizando um som Pop. Contudo, os shows, em especial as Micaretas, não invocam pessoas desejosas de apreciar a música; mas, o culto ao corpo e o entretenimento simples. Homens de sunga e corpos extremamente construídos em academias e Pré-Cajumulheres tapando apenas certas partes do corpo para fingirem que possuem se importam com alguma dignidade, cantando hinos de refrões facéis. Não afirmo que se preocupar com o corpo quanto a saúde e estética seja algo errado, tampouco nego que cada um possua a liberdade de vestir-se como quiser, todavia o motivo pelo qual essas coisas acontecem. É totalmente assustadora a promiscuidade que acontece durante o Carnaval e entendo completamente os pais conservadores que não libertam suas filhas para essa festividade; os homens agarram as mulheres à força e elas em movimentos fracos fingem não querer, e assim se constrói uma outra vez a figura do homem bruto e dominador e da mulher que aceita (parece exagero?). Rebolando em shorts e tops curtíssimos, as mulheres ensinam às adolescentes como se ocorre o ritual de acasalemento.

Eu, como um grande pseudo-baiano, adoro o carnaval, é a minha festa preferida do ano, entretanto, em meio a toda a minha euforia, observo de um lado os passos de “dança”, as armadilhas de sedução femininas e o predadorismo masculino, e, de outro, crianças (não-) ingênuas, dançando, sorrindo, vivenciando e internalizando o sexo APENAS como diversão (como a infância é roubada tão ferozmente e ninguém faz nada, se importa?). Mas será mesmo que eu devo observar, analisar e ser tão crítico, afinal o sexo é tão concernente ao homem quanto a nutrição; talvez eu esteja apenas envelhecendo e ficando mais e mais conservador, pois ao fim das contas dançar ao som de “na bundinha, na bundinha” é extremamente divertido e vale muito mais do que qualquer catarse que a arte pode oferecer(?)…

  • Sobre Mim:

    Diogo Rafael Lemos é um estudante de Letras Português Inglês pela Universidade Federal de Sergipe e amante do mundo pop. Entre suas grandes fixações estão Ídolos, American Idol, Séries e Dido. Tem 20 anos, é meio carioca e meio baiano, e mora atualmente em Aracaju.
  • Caso artistas, gravadoras, filmadoras, redes de Tv etc. estejam desgostosos com a exibição de algo nesse blog, favor comunicar-me para que imediatamente seja retirada toda e qualquer música, imagem, vídeo, entre outros.
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